Avaliar o risco de uma ação não é das tarefas mais fáceis. Afinal, de um dia para outro, algo totalmente inesperado pode acontecer e provocar fortes perdas de valor a uma empresa específica ou um verdadeiro terremoto na bolsa como um todo. Quando um banco quebra na Europa, um país asiático pede moratória ou o desemprego dispara nos Estados Unidos, a aversão ao risco cresce e os mercados globais sofrem. Mesmo diante de prejuízos generalizados, sempre há algumas ações que se mostram mais resistentes a choques e outras que acabam sendo mais penalizadas. Via de regra, o mercado considera os papéis mais sujeitos à volatilidade como os mais arriscados da bolsa. Entre as ações do Ibovespa, a consultoria Cyrnel lista abaixo as que balançam mais ao menor sinal de tremor:
Posição Ação Grau de risco
1 MMX ON 2,72
2 LLX ON 2,42
3 Brasil Ecodiesel ON 2,42
4 OGX ON 2,29
5 Gafisa ON 2,28
6 PDG Realty ON 2,24
7 Duratex ON 2,22
8 Gerdau Metalúrgica PN 2,14
9 Fibria ON 2,14
10 MRV ON 2,12
A Cyrnel atribui ao Ibovespa como um todo um risco igual a 1. A ação da mineradora MMX, portanto, apresenta um risco 172% maior do que a carteira teórica do principal índice de ações brasileiro. Para chegar nesses valores, a consultoria levou em consideração tanto a volatilidade do papel quanto seu peso no Ibovespa.
A consultoria observa que, das dez ações mais arriscadas do Ibovespa, quatro são do setor de construção (Gafisa, Duratex, PDG e MRV). O setor está em forte expansão devido a políticas governamentais de subsídio à compra de casas e também pela expansão do crédito. No entanto, como são empresas bastante alavancadas e dependentes de financiamento, acabam exacerbando movimentos de mercado tanto para o bem - em momentos de euforia - quanto para o mal - em pregões de pânico.
A mesma explicação vale para a inclusão na lista de três empresas do bilionário Eike Batista: LLX, MMX e OGX. Apesar de já terem enriquecido muita gente, esses papéis representam frações de empresas ainda em fase pré-operacional, que devem demorar um bom tempo para começar a gerar um caixa robusto. Portanto, são ações evitadas pelos investidores quando as coisas vão mal, mas que se recuperam rapidamente quando o cenário começa a se desanuviar.
A consultoria, portanto, não faz juízo de valor em relação às ações mais arriscadas. "Apesar de parecer algo negativo, tais ações podem ser grandes oportunidades e geralmente possuem menor correlação com o resto do mercado. Por conta disso, podem ser um interessante veículo de diversificação", afirma o consultor financeiro da Cyrnel International, Carlos Werneck.
Empresas de menor porte, que estejam enfrentando problemas particulares, como brigas entre acionistas, acidentes nas fábricas ou fraudes tendem a ser consideradas de maiores riscos específicos - ou desatrelados do resto do mercado. "Ao mesclar essas ações com outras mais atreladas ao Ibovespa, é possível formar uma carteira com risco menor que a média sem perder a rentabilidade", afirma o consultor.
Risco relativo
É óbvio que para quem investe em uma carteira de ações semelhante ao Ibovespa, é muito mais importante o que valoriza ou desvaloriza a Vale e a Petrobras do que fatos que mexem com qualquer uma das outras empresas. Como os papéis das duas empresas representam mais de 25% do Ibovespa, são muito mais determinantes para o sucesso ou fracasso desse investidor. Segundo o levantamento da Cyrnel, juntos os quatro maiores setores da bolsa (metalúrgico e minerador, financeiro, siderúrgico e de petróleo) representam mais de 60% do risco total de um investidor que segue a carteira teórica do índice.
Saber quão arriscado é um ativo é bastante pertinente na hora de tomar decisões. E tal observação depende de uma série de variáveis, relacionadas direta ou indiretamente a questões internas da própria companhia ou ao setor no qual ela atua. "Medir o grau de risco de um ativo ajuda a quantificar o potencial de perda ou ganho de um investimento", explica Werneck.
Uma boa análise de risco é produzida a partir de uma aprofundada avaliação de fatores que podem influenciar o preço do ativo no mercado financeiro, sejam eles de ordem interna ou externa a companhia emissora, medindo a oscilação que o preço atinge nos pregões.
"Incorpora-se o setor de atividade e o porte da empresa, a exposição cambial, a liquidez da companhia no mercado e componentes exclusivos da empresa, que chamamos de risco específico." Seja um grau de risco maior ou menor, fato é que o isso não significa, necessariamente, que o preço do ativo irá subir ou cair, mas sim que o preço desta ação, no futuro, é mais imprevisível.
Não existe certo ou errado com relação a qual seria o grau de risco ideal de uma carteira de ações. Cada investidor deve considerar e pesar seus próprios objetivos, discutindo-os com corretoras ou seu bancos, que, de acordo com Werneck, "tem o papel de aconselhar os clientes nos sentido de ajudá-los a determinar o investimento ideal para determinado perfil".
Fonte: www.exame.com.br
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